“Machimbomba” é "Maria Fumaça", locomotiva a vapor em nordestês, um anglicismo derivado de “machine bomb”.
Estampa: Joana Lira

domingo, 30 de maio de 2010

Carnaval repaginado: 2007 - Celebrando a folia

Aliando a temática carnavalesca de Lula Cardoso Ayres aos traços geométricos e facetados de sua fase mais modernista, Joana fez uma recriação da obra do pintor para celebrar a festa do Rei Momo. Os personagens deste lado e do outro do Atlântico se fizeram presentes em figuras coloridas e gigantes espalhadas pelas ruas do Recife!

























Ilustrações: Joana Lira. Passistas de frevo a serem usados na Ponte Maurício de Nassau. Arlequim a ser usado em estrutura de lona impressa na Rua do Bom Jesus, no Pólo das Fantasias.
Fotos: Tiago Lubambo. Colombina na Rua do Bom Jesus no Pólo das Fantasias. Pátio do Terço no Portal da Rainha do Maracatu. Boneco do Bloco do Galo da Madrugada na Ponte Duarte Coelho, no Pólo de Todos os Frevos. Av. Duarte Coelho no Portal das Máscaras. Fachada do Baile Municipal.
Nota: Este material integrou, em parte, a matéria "Alalaô!" publicada na edição nr. 4 de Jan-Fev/10 da revista "LÍCIA".

Carnaval repaginado: 2007 - Lula Cardoso Ayres (1910-1987)

O Carnaval, através tanto de seus personagens mais europeus como pierrôs e colombinas, quanto daqueles mais brasileiros do bumba-meu-boi e do maracatu rural e dos passistas de frevo, sempre fez parte da obra de Lula Cardoso Ayres que, ao longo de sua trajetória, incursionou pelo concretismo e pelo abstracionismo além do figurativismo.







































As obras: Bumba Meu Boi, 1941; A Burrinha; Frevo, 1945; Duas Mulheres, 1975; Maracatu, 1950; Agronomia; Cana, 1950; Sem Título.

Blog: "Da Figura à Abstração": http://lulacardosoayres.wordpress.com

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Carnaval repaginado: 2006 - Imaginário armorial

Cavaleiros, donzelas, dragões e peixes alados cresceram e invadiram as ruas do centro do Recife numa verdadeira exposição a céu aberto do mundo mítico de Ariano Suassuna, embasbacando os foliões com suas cores e beleza.

Depois da festa, membros da organização e a própria Prefeitura se viram diante de uma onda de assédio sem precedente por parte de interessados em ficar com as peças, a tal ponto que foi necessário organizar um leilão público para a venda das mesmas!




































Ilustrações: Joana Lira. Personagens inspirados na obra “O Auto da Compadecida”.
Fotos: Tiago Lubambo. Pólo de Todos os Ritmos, Pátio de São Pedro, Coberta de Peixes Voadores. Alameda dos Bichos, Av. Marquês de Olinda. Pólo das Fantasias, Rua do Bom Jesus, Cavaleiros e donzelas, personagens inspirados na obra “A Pedra do Reino”.
Nota: Este material integrou, em parte, a matéria "Alalaô!" publicada na edição nr. 4 de Jan-Fev/10 da revista "LÍCIA".

Canaval repaginado: 2006 - Ariano Suassuna (1927)


Para marcar a virada na iconografia do Carnaval naquele ano de 2006, não poderia haver nada mais forte do que os símbolos de heráldica, os personagens marcantes e o universo mítico mostrados nas ”iluminogravuras” de Ariano Suassuna, desenhos de temática medieval que ilustram sua obra literária.



























Web Site: http://www.arianosuassuna.com.br/

sábado, 22 de maio de 2010

Carnaval repaginado: 2006-2010 - O desenho como protagonista

O Carnaval 2006 marcou a elevação do desenho ao papel principal na decoração da festa, pois, a partir daí, ao músico homenageado a cada ano, juntou-se um artista plástico da terra. Isto deu à decoração, uma temática visual em torno da qual se organizar. Como diz Joana, a idéia não é reproduzir o trabalho dos homenageados, mas “vestí-los” com os traços e cores que já se tornaram característicos da folia recifense.

Essa nova fase que representou um marco, uma virada - mais uma! - na decoração urbana do Carnaval do Recife, foi inaugurada tendo como homenageado, logo quem, Ariano Suassuna, fonte de inspiração primeira para a linguagem gráfica de Joana.

Os Carnavais seguintes tiveram como artistas plásticos homenageados, Lula Cardoso Ayres em 2007, Abelardo da Hora em 2008, Cícero Dias em 2009 e Vicente do Rêgo Monteiro em 2010. De cada um desses mestres, foram pinçadas as fases e as obras mais relacionadas ao Carnaval, propiciando uma explosão ímpar de criatividade e beleza e que deverá seguir surpreendendo e se superando a cada edição da festa, considerando-se o manancial artístico aparentemente inesgotável de Pernambuco...

Em 2007, a decoração do Carnaval passou a incluir o Baile Municipal e hoje, estende-se também ao Terminal Marítimo e à Central de Serviços.

Acima e abaixo, fotos do desfile do Bloco "Galo da Madrugada". Nas próximas postagens, fotos de trabalhos dos artistas homenageados e ilustrações e fotos dos Carnavais 2006-2010.




























Fotos: Bloco Galo da Madrugada que hoje arrasta atrás de si, mais de um milhão de foliões. Carnaval 2007, vista aérea (Thiago Lubambo). Carnaval 2009 (Josivan Rodrigues).
Nota: Este texto integrou, em parte, a matéria "Alalaô!" publicada na edição nr. 4 de Jan-Fev/10 da revista "LÍCIA".

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Carnaval repaginado: 2001-2005 - Primeiros tempos






Até 2005, os Carnavais foram verdadeiros laboratórios de experimentação, de tentativas de acerto e erro na busca dos materiais, suportes e soluções espaciais mais adequados. Já as características do desenho de Joana foram um sucesso instantâneo, funcionaram de imediato.

Nesse período, o desenho tinha papel coadjuvante numa cena onde os efeitos de luz e as soluções espaciais tinham o papel principal. Ainda assim, as oito “carinhas” representativas dos diferentes pólos acabaram por se firmar como a marca do Carnaval Multicultural do Recife como desejava Peixe. A cada Carnaval, as “carinhas” eram acompanhadas de soluções gráficas e de desenhos que tinham como tema, elementos do próprio Carnaval e dos ritmos que o compunham e, ocasionalmente, elementos relacionados ao homenageado do ano, um músico propriamente dito ou profissional da cena musical carnavalesca.













Outro mérito de João Roberto Peixe foi a captação de patrocínio para o Carnaval e a inserção das marcas dos patrocinadores de forma padronizada na decoração oficial da festa que, em 2005, passou a incluir o aeroporto dos Guararapes. Até 2002, a festa era bancada exclusivamente pela Prefeitura e a propaganda de marcas as mais variadas era livre e sem controle, em nada contribuindo para os festejos, ao contrário, escondendo o patrimônio arquitetônico e poluíndo visualmente a cidade. Essa iniciativa resultou numa limpeza visual a partir de 2003, deixando a decoração ainda mais em destaque.

Embora o prazo para a criação e execução do Carnaval houvesse se dilatado um pouco, o ritmo continuou alucinado e a pressão, forte. Isso, mais o conflito que se instalou entre a Joana Lira profissional, obrigada a permanecer trabalhando nos bastidores, e a foliona, desejosa de brincar e aproveitar a festa, levaram-na ao esgotamento e ao afastamento do Carnaval 2004. Apenas, porém, para voltar com energia renovada no Carnaval 2005.

Ilustração: Joana Lira. Logomarca do Carnaval Multicultural do Recife, 2001.
Fotos: Joana Lira. Carnaval 2001: Pólo Mangue no bairro do Recife Antigo, Máscaras “Caboclo” - madeira recortada e pintada à mão com interferência de material reciclado. Carnaval 2002: Pólo Afro, Pátio do Terço, balão inflável pintado com pistola.
Nota: Este texto integrou, em parte, a matéria "Alalaô!" publicada na edição nr. 4 de Jan-Fev/10 da revista "LÍCIA".

sábado, 15 de maio de 2010

Carnaval repaginado: Joana Lira

Arte popular e desenho sempre fizeram parte da vida de Joana Lira. Carlos Augusto, o pai, além de arquiteto, é colecionador de arte sacra e arte popular – brasileira e africana. A mãe, Bete Paes, é artista gráfica assim como o padrasto, Petrônio Cunha.

Joana morou em Recife e também em Olinda onde, desde pequena, participou ativamente como foliona, fantasiada da cabeça aos pés, do famoso Carnaval de rua daquela cidade. Na adolescência, fez balé popular quando se familiarizou ainda mais com o maracatu nação, o maracatu rural, caboclinhos e tantos outros ritmos e danças nordestinos.

Em 1997, formou-se em Design Gráfico pela UFPE – Universidade Federal de Pernambuco e, trabalhando na oficina de estampas da mãe, teve a oportunidade de pesquisar sobre desenhos africanos e indígenas e, especialmente, sobre xilogravura, elemento tão característico da literatura de cordel nordestina. Ao começar a criar suas próprias estampas, veio à tona com vigor, seu desenho de “traços simplificados, marcados por cores contrastantes, fortes, chapadas e bem delimitadas pela linha preta” como ela própria descreve.

Suas pinturas mostradas na exposição “Bichos Aloprados” de 1997 foram imediatamente associadas à temática e ao visual de cores terrosas do Movimento Armorial. Este movimento pretende criar uma arte erudita com base em elementos da cultura popular nordestina e foi idealizado em 1970 por Ariano Suassuna, poeta, escritor, dramaturgo e artista plástico paraibano.

A mudança para São Paulo em 1999 trouxe uma reciclagem para o desenho de Joana, conferindo-lhe toques mais cosmopolitas e contemporâneos. Em seu pequeno ateliê na Vila Madalena, ela vinha se dedicando a criar estampas para tecidos, desenhos para cerâmicas e porcelanas e algumas ilustrações quando foi arrebatada pelo inesperado convite do pai para trabalhar no projeto da decoração do Carnaval de Recife.

Se, por um lado, o prazo de quinze dias para a execução do projeto foi uma loucura, por outro, foi uma sorte. Sabem aquelas coisas que, se pensarmos a respeito não fazemos? Pois então, nada foi pensado, foi tudo feito de supetão, na raça, não deu tempo para ter medo da magnitude do trabalho a ser encarado e, de repente, os desenhos “lilliputianos” de Joana haviam saltado para as ruas e tomado dimensões “gulliverianas”.

Isso, mais a oportunidade que o Carnaval lhe trouxe de criar uma multiplicidade de peças gráficas, levou-a a partir para peças maiores e a buscar novos suportes em seus outros trabalhos desde então. Pelo fato de ter achado uma linguagem gráfica muito cedo, sua preocupação atual é não ficar presa a uma única solução.

O traço armorial original evoluiu, hoje, para um desenho “pop brasileiro” que pode ser visto em suas estampas e ilustrações. Essa evolução também pode ser apreciada no livro “Outros Carnavais” que Joana publicou em 2008 pela DBA.

Web Site: www.joanalira.com.br

Desenho: Joana Lira. "O Sol Encobralado", Exposição "Bichos Aloprados", 1997.
Fotos: Eduardo de Souza e Gilvan Barreto. Joana fantasiada de borboleta e trabalhando em seu ateliê.
Nota: Este texto integrou, em parte, a matéria "Alalaô!" publicada na edição nr. 4 de Jan-Fev/10 da revista "LÍCIA".

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Carnaval repaginado: Surpresa

Há alguns anos, passei o Carnaval no Recife e tive a mais maravilhosa surpresa: a festa de minha adolescência, a do corso “mela-mela” nas ruas, regado a graxa, farinha e ovo, e dos tradicionais bailes privados nos clubes Português e Náutico, havia dado lugar a uma explosão de ritmos, danças, luzes, brilhos e cores nas ruas.

Era o frevo, claro, mas também marchinhas, maracatus, caboclinhos, blocos de pau e corda, coco, samba, afoxé, mangue beat e muito mais, tudo espalhado por diversos pólos de animação no Centro da cidade.

Aos feitios originais e cores deslumbrantes das fantasias e adereços, tanto dos integrantes dos blocos quanto dos próprios foliões isolados, somavam-se os alegres e lindos desenhos da decoração das ruas, uma mistura de arcos, postes, luminárias, painéis, alegorias, bonecos gigantes, mandalas e móbiles. Isso para não falar do belíssimo conjunto arquitetônico que servia de pano de fundo a esse cenário em locais como o Pátio de São Pedro no Bairro de São José e a Rua do Bom Jesus no Recife Antigo. Um colírio e uma festa para os olhos!













Descobri depois que, em 2001, por inspiração e iniciativa de João Roberto Peixe, designer e então Secretário de Cultura da cidade, foi instituído o Carnaval Multicultural do Recife, caracterizado pela descentralização da folia e pela incorporação e valorização desses ritmos e danças tão típicos de Pernambuco.

Bravo, Peixe! Ainda mais que também foi iniciativa dele, contratar um escritório de arquitetura, o de Carlos Augusto Lira, para criar uma identidade visual permanente para o Carnaval do Recife e para conceber um projeto cenográfico para a festa sob aquele novo formato. Até aí, tudo muito profissional, não fosse o prazo dado para o projeto se materializar: quinze dias!!!

Foi assim que Carlos Augusto, sem pensar duas vezes, recorreu à filha, Joana Lira, designer gráfica, sim, mas também foliona de carteirinha e conhecedora e amante das artes populares pernambucanas, para criar a iconografia e ilustrar a cenografia do Carnaval.

Se o Carnaval Multicultural do Recife teve Peixe como “pai”, encontrou em Joana, sua “mãe”.

Web Site: http://www.carnavaldorecife.com.br/

Fotos: arquivo particular. Carnaval 2003. Em cima: Grupo de Maracatu Rural com destaque para os guerreiros de lança. No meio: Pólo das Fantasias na Rua do Bom Jesus no bairro do Recife Antigo. Em baixo: Grupo de folionas mascaradas.
Ilustração: Joana Lira. Logomarca do Carnaval 2010.
Nota: Este texto integrou, em parte, a matéria "Alalaô!" publicada na edição nr. 4 de Jan-Fev/10 da revista "LÍCIA".

terça-feira, 11 de maio de 2010

Carnaval repaginado: "Alalaô!"

A primeira matéria que escrevi para a "LÍCIA" foi sobre a decoração de Carnaval das ruas do Recife e foi entitulada "Alalaô!". Estávamos em Dezembro e a edição seguinte da revista estava prevista para sair no início de Fevereiro, logo antes do Carnaval.

Eu sempre quis saber mais sobre aquela decoração que me encantava e foi um prazer pesquisar mais a fundo a respeito. Descobri um tesouro! Na revista, claro, há limites para o tamanho da matéria e o volume de material que é possível se publicar então, ainda bem que há o blog, onde a gente pode botar tudo. E eu quero mesmo compartilhar tudo que descobri.

Como realmente é muito material, resolvi fazer uma novelinha com as várias postagens fazendo as vezes dos capítulos. É o que vocês vão ver a seguir...