“Machimbomba” é "Maria Fumaça", locomotiva a vapor em nordestês, um anglicismo derivado de “machine bomb”.
Estampa: Joana Lira

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Carnaval repaginado: Surpresa

Há alguns anos, passei o Carnaval no Recife e tive a mais maravilhosa surpresa: a festa de minha adolescência, a do corso “mela-mela” nas ruas, regado a graxa, farinha e ovo, e dos tradicionais bailes privados nos clubes Português e Náutico, havia dado lugar a uma explosão de ritmos, danças, luzes, brilhos e cores nas ruas.

Era o frevo, claro, mas também marchinhas, maracatus, caboclinhos, blocos de pau e corda, coco, samba, afoxé, mangue beat e muito mais, tudo espalhado por diversos pólos de animação no Centro da cidade.

Aos feitios originais e cores deslumbrantes das fantasias e adereços, tanto dos integrantes dos blocos quanto dos próprios foliões isolados, somavam-se os alegres e lindos desenhos da decoração das ruas, uma mistura de arcos, postes, luminárias, painéis, alegorias, bonecos gigantes, mandalas e móbiles. Isso para não falar do belíssimo conjunto arquitetônico que servia de pano de fundo a esse cenário em locais como o Pátio de São Pedro no Bairro de São José e a Rua do Bom Jesus no Recife Antigo. Um colírio e uma festa para os olhos!













Descobri depois que, em 2001, por inspiração e iniciativa de João Roberto Peixe, designer e então Secretário de Cultura da cidade, foi instituído o Carnaval Multicultural do Recife, caracterizado pela descentralização da folia e pela incorporação e valorização desses ritmos e danças tão típicos de Pernambuco.

Bravo, Peixe! Ainda mais que também foi iniciativa dele, contratar um escritório de arquitetura, o de Carlos Augusto Lira, para criar uma identidade visual permanente para o Carnaval do Recife e para conceber um projeto cenográfico para a festa sob aquele novo formato. Até aí, tudo muito profissional, não fosse o prazo dado para o projeto se materializar: quinze dias!!!

Foi assim que Carlos Augusto, sem pensar duas vezes, recorreu à filha, Joana Lira, designer gráfica, sim, mas também foliona de carteirinha e conhecedora e amante das artes populares pernambucanas, para criar a iconografia e ilustrar a cenografia do Carnaval.

Se o Carnaval Multicultural do Recife teve Peixe como “pai”, encontrou em Joana, sua “mãe”.

Web Site: http://www.carnavaldorecife.com.br/

Fotos: arquivo particular. Carnaval 2003. Em cima: Grupo de Maracatu Rural com destaque para os guerreiros de lança. No meio: Pólo das Fantasias na Rua do Bom Jesus no bairro do Recife Antigo. Em baixo: Grupo de folionas mascaradas.
Ilustração: Joana Lira. Logomarca do Carnaval 2010.
Nota: Este texto integrou, em parte, a matéria "Alalaô!" publicada na edição nr. 4 de Jan-Fev/10 da revista "LÍCIA".

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